“Como na Argentina: Os corpos brotam do chão, como na – UNICAMP 2018 “Como na Argentina: Os corpos brotam do chão, como na Argentina. Corpo não é reciclável. Corpo não � …
“Como na Argentina: Os corpos brotam do chão, como na Argentina. Corpo não é reciclável. Corpo não é reduzível. Dá para dissolver os corpos em ácido, mas não haveria ácido que chegasse para os assassinados do século. Valas mais fundas, mais escombros, nada adianta. Sempre sobra um dedo acusando. O corpo é como o nosso passado, não existe mais e não vai embora. Tentaram largar o corpo no meio do mar e não deu certo. O corpo boia. O corpo volta. Tentaram forjar o protocolo – foi suicídio, estava fugindo – e o corpo desmentia tudo. O corpo incomoda. O corpo faz muito silêncio. Consciência não é biodegradável. Memórias não apodrecem. Ficam os dentes.”
Ano da Prova:
2018
O texto se refere
(A) ao trauma coletivo das políticas repressivas e crimes de Estado praticados pelos regimes ditatoriais latinoamericanos.
(B) à memória dos exilados fugidos dos regimes ditatoriais latino-americanos da segunda metade do século XX.
(C) ao movimento dos Montoneros, em busca de seus filhos e netos desaparecidos no período da ditadura na Argentina.
(D) aos julgamentos em andamento contra o clientelismo do regime peronista praticada na Argentina.
Resposta:
Alternativa Correta: A) ao trauma coletivo das políticas repressivas e crimes de Estado praticados pelos regimes ditatoriais latinoamericanos.
A partir do golpe-piloto realizado no Brasil em 1964, os governos populistas existentes em outros países do Cone Sul (Bolívia, Chile, Uruguai e Argentina*) foram derrubados e substituídos por ditaduras civil-militares conservadoras, as quais empreenderam uma violenta repressão contra seus oponentes, sobretudo quando ligados a luta armada. As maiores violações dos direitos humanos por esses regimes ocorreram na Argentina e no Chile, com cerca de 20.000 e 6.000 mortos, respectivamente.
* O Paraguai não passou por nenhum golpe militar no período porque desde 1954 já estava sob a ditadura conservadora do general Alfredo Stroessner.