Leia, a seguir, um excerto de “Terrorismo Literário” – UNICAMP 2018 Leia, a seguir, um excerto de “Terrorismo Literário”, um manifesto do escritor Ferréz. A capoeira n …
Leia, a seguir, um excerto de “Terrorismo Literário”, um manifesto do escritor Ferréz.
A capoeira não vem mais, agora reagimos com a palavra, porque pouca coisa mudou, principalmente para nós. A literatura marginal se faz presente para representar a cultura de um povo composto de minorias, mas em seu todo uma maioria.
A Literatura Marginal, sempre é bom frisar, é uma literatura feita por minorias, sejam elas raciais ou socioeconômicas. Literatura feita à margem dos núcleos centrais do saber e da grande cultura nacional, isto é, de grande poder aquisitivo. Mas alguns dizem que sua principal característica é a linguagem, é o jeito que falamos, que contamos a história, bom, isso fica para os estudiosos.
Cansei de ouvir: — “Mas o que cês tão fazendo é separar a literatura, a do gueto e a do centro”. E nunca cansarei de responder: — “O barato já tá separado há muito tempo, foi feito todo um mundo de teses e de estudos do lado de lá, e do de cá mal terminamos o ensino dito básico.”
Ano da Prova:
2018
Ferréz defende sua proposta literária como uma
(A) descoberta de que é preciso reagir com a palavra para que não haja separação entre a grande cultura nacional e a literatura feita por minorias.
(B) comprovação de que, sendo as minorias de fato uma maioria, não faz sentido distinguir duas literaturas, uma do centro e outra da periferia.
(C) manifestação de que a literatura marginal tem seu modo próprio de falar e de contar histórias, já reconhecido pelos estudiosos.
(D) constatação de que é preciso reagir com a palavra e mostrar-se nesse lugar marginal como literatura feita por minorias que juntas formam uma maioria.
Resposta:
Alternativa Correta: D) constatação de que é preciso reagir com a palavra e mostrar-se nesse lugar marginal como literatura feita por minorias que juntas formam uma maioria.
No início do excerto de “Terrorismo literário”, Ferréz declara que houve uma mudança no instrumento de resistência utilizado pelos oprimidos diante do dono de poder: a capoeira, embate que usa o corpo, foi substituída pela literatura marginal, embate que usa a palavra. Por meio desse novo instrumento, esses textos literários tornam-se uma maneira de as minorias sociais, juntas, mostrarem sua voz, mostrarem a força de seu universo cultural, que é o da maior parte da população.