Mas eu me persuadi de que nada existia no mundo – UNESP 2021/Prova II – Mas eu me persuadi de que nada existia no mundo, que não havia nenhum céu, nenhuma terra, esp� …
Mas eu me persuadi de que nada existia no mundo, que não havia nenhum céu, nenhuma terra, espíritos alguns, nem corpos alguns; me persuadi também, portanto, de que eu não existia? Certamente não, eu existia, sem dúvida, se é que eu me persuadi ou, apenas, pensei alguma coisa. Mas há algum, não sei qual, enganador mui poderoso e mui ardiloso que emprega toda a sua indústria em enganar-me sempre. Não há pois dúvida alguma de que sou, se ele me engana; e, por mais que me engane, não poderá jamais fazer com que eu nada seja, enquanto eu pensar ser alguma coisa. De sorte que, após ter pensado bastante nisto e de ter examinado cuidadosamente todas as coisas, cumpre enfim concluir e ter por constante que esta proposição, penso, logo sou, é necessariamente verdadeira, todas as vezes que a enuncio […].
Ano da Prova:
2021
Segundo o texto, um dos pontos iniciais do método de Descartes que o levou ao cogito (“penso, logo sou”) foi
(A) a análise das partes.
(B) a síntese das partes analisadas.
(C) o prevalecimento da alma sobre o raciocínio.
(D) o reconhecimento de um Deus enganador.
(E) a arte da persuasão grega.
Resposta:
Alternativa Correta: D) o reconhecimento de um Deus enganador.
Diante da dualidade cartesiana matéria/substância pensante, ao pronunciar “penso, logo existo”, o filósofo pressupunha o dever de nos identificarmos com a substância pensante, o que nos permitiria duvidar de tudo que já havia sido exposto. Na contramão dessa verdade, nossa natureza, aqui figurada na imagem de um Deus enganador, nos inclina a crer em tudo o que existe fora de nós.