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Na sua faceta mais radical, a Revolução Francesa pro – moveu uma certa redistribuição de terra, por meio de medidas como a venda dos bens nacionais. Entretanto, nesse processo de construção de uma ordem jurídica burguesa, o fim da escravidão não seria, no final das contas, incluído. A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 trazia, no seu artigo 1.o , o princípio segundo o qual “os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos”. Mas a história revolucionária mostrou que essa fórmula clássica do liberalismo político foi capaz de gerar, de imediato, posturas contraditórias entre os diferentes atores históricos do período, que interpretavam os termos liberdade e igualdade à luz de suas próprias aspirações e interesses.
Ano da Prova:
2018
Nesse contexto, é correto afirmar que
(A) a Revolução Francesa, embora conduzida em nome de
princípios universais de liberdade e igualdade, acabou
incorporando a escravidão colonial na nova ordem
jurídica, sem que essa instituição tivesse sido posta em
discussão nem sequer no período mais radical do
processo revolucionário, no momento no qual os
jacobinos tentaram dirigir os rumos da revolução.
(B) os princípios de liberdade e igualdade, para a maioria
dos homens nas assembleias revolucionárias, não
encontravam fronteiras ou limites ditados pela
condição da França de potência colonial, mas
representavam valores universais a serem difundidos
inclusive para a América a partir de Paris, ainda que a
ascensão de Napoleão tenha freado a propagação das
ideias revolucionárias.
(C) o império colonial francês à época girava em torno da
“pérola das Antilhas”, São Domingos (futuro Haiti),
colônia que havia projetado a França para o topo do
mercado internacional de produtos tropicais e que
transformou o sucesso da produção caribenha na base
da riqueza burguesa dos portos franceses, o que não
impediu que jacobinos e sans culottes defendessem a
abolição e a independência colonial desde julho de
1789.
(D) a questão colonial evidenciava, sob certos aspectos, os
limites da Revolução Francesa, liberal e burguesa, pois
dentro da ótica mercantilista que orientou a economia
francesa desde o século XVII, a prosperidade da Nação
dependia da balança comercial favorável e, nesse
sentido, o papel do comércio com as colônias e da
reexportação dos produtos proporcionados por esse
comércio era visto como capital.
(E) a restauração da escravidão nas colônias, ocorrida em
1799 por ordem de Bonaparte depois da abolição em
1789, por exigência dos revolucionários, teve como
desdobramento o levante negro no Haiti, em que se
lutava simultaneamente pela abolição da escravidão e
pelo rompimento dos laços coloniais com a França,
resultando na independência do Haiti, primeiro a
libertar os escravos no continente americano.
Resposta:
Alternativa Correta: D) a questão colonial evidenciava, sob certos aspectos, os
limites da Revolução Francesa, liberal e burguesa, pois
dentro da ótica mercantilista que orientou a economia
francesa desde o século XVII, a prosperidade da Nação
dependia da balança comercial favorável e, nesse
sentido, o papel do comércio com as colônias e da
reexportação dos produtos proporcionados por esse
comércio era visto como capital.Resumindo o sentido da alternativa escolhida, pode-se afirmar que a escravidão, na condição de elemento essencial para a exploração colonial e o consequente enriquecimento da burguesia metropolitana (identificada sob o eufemismo de “nação”), foi preservada pela Revolução Francesa durante sua fase burguesa. Foi somente no período popular, correspondente à ditadura jacobina, que o escravismo foi abolido nas colônias da França. Todavia, essa determinação não foi acatada pelos colonos e acabou sendo revogada por Napoleão em 1802.