O povo que chupa o caju, a manga, o cambucá e a – FUVEST 2019 O povo que chupa o caju, a manga, o cambucá e a jabuticaba, pode falar uma língua com igual pronúncia e o mesmo e …
O povo que chupa o caju, a manga, o cambucá e a jabuticaba, pode falar uma língua com igual pronúncia e o mesmo espírito do povo que sorve o figo, a pera, o damasco e a nêspera?
A graciosa ará, sua companheira e amiga, brinca junto dela. Às vezes sobe aos ramos da árvore e de lá chama a virgem pelo nome, outras remexe o uru de palha matizada, onde traz a selvagem seus perfumes, os alvos fios do crautá, as agulhas da juçara com que tece a renda e as tintas de que matiza o algodão.
Glossário:
“ará”: periquito; “uru”: cesto; “crautá”: espécie de bromélia; “juçara”: tipo de palmeira espinhosa.
A graciosa ará, sua companheira e amiga, brinca junto dela. Às vezes sobe aos ramos da árvore e de lá chama a virgem pelo nome, outras remexe o uru de palha matizada, onde traz a selvagem seus perfumes, os alvos fios do crautá, as agulhas da juçara com que tece a renda e as tintas de que matiza o algodão.
Com base nos trechos acima, é adequado afirmar:
(A) Para Alencar, a literatura brasileira deveria ser capaz de representar os valores nacionais com o mesmo espírito do europeu que sorve o figo, a pera, o damasco e a nêspera.
(B) Ao discutir, no primeiro trecho, a importação de ideias e costumes, Alencar propõe uma literatura baseada no abrasileiramento da língua portuguesa, como se verifica no segundo trecho.
(C) O contraste entre os verbos “chupar” e “sorver”, empregados no primeiro trecho, revela o rebaixamento
(D) Em Iracema, a construção de uma literatura exótica, tal como se verifica no segundo trecho, pautou-se pela recusa de nossos elementos naturais.
(E) Ambos os trechos são representativos da tendência escapista de nosso romantismo, na medida em que valorizam os elementos naturais em detrimento da realidade rotineira.
Resposta:
Alternativa Correta: B) Ao discutir, no primeiro trecho, a importação de ideias e costumes, Alencar propõe uma literatura baseada no abrasileiramento da língua portuguesa, como se verifica no segundo trecho.
Embora José de Alencar tenha como modelo as narrativas europeias, ao desenvolver o projeto de construir no Brasil as bases de uma literatura verdadeiramente nacional, esse autor incorporou o léxico e as construções frasais típicas do Brasil, particularmente a indígena, que, para ele, era a base da construção da literatura nacional, como evidenciam, nesse excerto de Iracema, os seguintes vocábulos: “ará”, “uru”, “crautá”, “juçara”. Frise-se que a totalidade da obra de Alencar procurou abordar vários aspectos da realidade de nosso país, como o mundo urbano, o regional, o lendário e o ligado a fatos históricos.