• “Ou como o leitor de muitos livros, que passasse a ler – UNESP 2024 – leia a crônica “Despedida”, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), publicada origin …
leia a crônica “Despedida”, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), publicada originalmente no Jornal do Brasil em 05.06.1971, e a resposta de Edson Arantes do Nascimento (1940-2022), o Pelé, publicada no mesmo jornal em 29.06.1971.
Pelé despede-se em julho da Seleção Brasileira. Decidiu, está decidido. Querem que ele continue, mas sua educação esportiva se dilata em educação moral, e Pelé dá muito apreço à sua palavra. Se atender aos apelos, ficará bem com todo o mundo e mal consigo. Pelé não quer brigar com Pelé. Não abandonará de todo o futebol, pois continuará jogando pelo seu clube. Não vejo contradição nisto. Faz como um grande proprietário de terras, que trocasse a fazenda pela miniatura de um sítio: continua a ter águas, plantas, criação, a mesma luminosidade das horas — menos a imensidão, que acaba cansando. Ou como o leitor de muitos livros, que passasse a ler um só que contém o resumo de tudo. Pelé quer cultivar sua vida a seu gosto, ele que a vivia tanto ao gosto dos outros. Sua municipalização voluntária me encanta. Não é só pelo ato de sabedoria, que é sair antes que exijam a nossa saída. Uma atitude destas indica mais cautela do que desprendimento. É pelo ato de escolha — de escolher o mais simples, envolvendo renúncia e gentileza. As massas brasileiras e internacionais não poderão chamá-lo de ingrato, pois continuarão a vê-lo, aqui e no estrangeiro, em seu jogo de astúcia e arte. Mas ele passará a jogar como particular, um famoso incógnito, que não aspira às glórias de um quarto campeonato mundial. E com isso, dará lugar a outro, ou a outros, que por mais que caprichassem ficavam sempre um tanto encobertos pela sombra de Pelé — a sombra de que espontaneamente se desfaz. Bela jogada, a sua: a de não jogar como campeão, sendo campeoníssimo.
Estou comovido. Entre tantas coisas que dizem a meu respeito, generosas ou menos boas, suas palavras tiveram a rara virtude de se lembrarem do homem, da pessoa humana que quero ser, demonstrando compreensão e carinho por essa condição fundamental. Recortei sua crônica, não porque fala de mim, mas porque traduz, no primor de seu estilo, um apoio que me incentiva e me conforta.
• “Ou como o leitor de muitos livros, que passasse a ler um só que contém o resumo de tudo.” (Drummond) • “E com isso, dará lugar a outro, ou a outros, que por mais que caprichassem ficavam sempre um tanto encobertos pela sombra de Pelé — a sombra de que espontaneamente se desfaz.” (Drummond)
Os termos sublinhados referem-se, respectivamente, a
Estou comovido. Entre tantas coisas que dizem a meu respeito, generosas ou menos boas, suas palavras tiveram a rara virtude de se lembrarem do homem, da pessoa humana que quero ser, demonstrando compreensão e carinho por essa condição fundamental. Recortei sua crônica, não porque fala de mim, mas porque traduz, no primor de seu estilo, um apoio que me incentiva e me conforta.
• “Ou como o leitor de muitos livros, que passasse a ler um só que contém o resumo de tudo.” (Drummond) • “E com isso, dará lugar a outro, ou a outros, que por mais que caprichassem ficavam sempre um tanto encobertos pela sombra de Pelé — a sombra de que espontaneamente se desfaz.” (Drummond)
Os termos sublinhados referem-se, respectivamente, a
(A) “livros” e “Pelé”.
(B) “um” e “sombra”.
(C) “livros” e “sombra”.
(D) “um” e “Pelé”.
(E) “leitor” e “Pelé”.
Resposta:
Alternativa Correta: B) “um” e “sombra”.
Nos excertos apresentados, os pronomes relativos destacados recuperam termos já mencionados. Em “Ou como o leitor de muitos livros, que passasse a ler um só que contém o resumo de tudo”, “que” refere-se a “um” (livro, termo elíptico), que é o que apresentaria o resumo de tudo. Em “E com isso, dará lugar a outro, ou a outros, que por mais que caprichassem, ficavam sempre um tanto encobertos pela sombra de Pelé – a sombra de que espontaneamente se desfaz”, o termo grifado retorna “sombra” (espontaneamente se desfaz da sombra).